FITOTERAPIA UTILIZADA EM COMUNIDADES AFRO-INDÍGENAS PARA ANIMAIS E PESSOAS
DOI:
https://doi.org/10.17695/rcsne.vol22.n3.p283-293Palavras-chave:
Candomblé, Etnobotânica, Fitoterapia, Matriz africana, Saber popularResumo
A etnobotânica é o estudo etnográfico das plantas e ervas transmitido pela oratória de um determinado grupo étnico. A religião de
matriz africana, o candomblé, guarda e transmite conhecimentos medicinais em suas práticas tais como uso de ervas e plantas que, em seu contexto bioquímico, têm eficácia contra diversas patologias clínicas. Com a indústria farmacêutica em crescimento, também é ampliado na ciência o contexto de pesquisa de novos fármacos e opções para o tratamento medicinal, surgindo assim a medicina fitoterápica. Além da redução do custo econômico, por se tratar de uma matéria-prima abundante, ou seja, muito presente até mesmo nos quintais de suas casas, a fitoterapia fornece uma variedade de opções terapêuticas eficientes para tratar patologias. O objetivo do trabalho foi identificar os conhecimentos medicinais fitoterápicos utilizados em algumas comunidades de matriz africana no município de João Pessoa-PB. Foram realizadas entrevistas, através de um questionário, com babalorixás e yalorixás do município. As informações coletadas dos sacerdotes trouxeram diversos conhecimentos como o uso do O. basilicum (manjericão) no tratamento de cólica em crianças recém-nascidas, problemas respiratórios e estomacais. Os conhecimentos fitoterápicos por sacerdotes em comunidades afro são amplos e aplicáveis no tratamento para várias patologias. 100% dos sacerdotes alegaram já terem usado ervas e plantas para tratar filhos da casa e 80% dos sacerdotes para tratar animais-não-humanos. Dentre as ervas e plantas citadas, algumas são: espinho-de-porco, são gonçalinho, tipi, mastruz, aroeira, caapeba, babosa, hortelã-pimenta, mirra, boldo, alecrim, manjericão. Já as doenças infecciosas tratadas foram as gastrointestinais, dores, feridas, até mesmo infecções mais complexas como a pneumonia. Observou-se que os sacerdotes utilizam diversas plantas e ervas medicinais para várias sintomatologias, desde usos tópicos a usos orais, tanto em humanos quanto em animais, o que nos traz a possibilidade do uso desses conhecimentos na medicina de saúde única.
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